quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A naturalidade das relações homoeróticas

Um dos argumentos contra as relações homossexuais preferido utilizado pelos homofóbicos de plantão é o caráter anti-natural que tais relações possuiriam. No entanto, uma analise mais racional, bem informada e livre de dogmas morais e religiosos (profundamente enraizados no senso-comum) mostra como esse argumento é falho e absurdo.
Vamos direto ao ponto então: lamento informá-los, defensores da “família” e dos “ótimos costumes”, mas no mundo animal existe sim homossexualismo. Sim, macho com macho. Não existe nada mais natural que o mundo selvagem? Então, se mesmo entre os animais há esse tipo de relação, não seria isso uma evidência de sua naturalidade? É nesse ponto que alguém poderia levantar a voz pra proclamar que sexo entre pessoas do mesmo sexo não é natural pelo fato de que não serve para a reprodução, não perpetuaria a espécie. Pois bem, o fato é que no mundo animal, o sexo não serve apenas para a reprodução, ele tem sim funções sociais. (Os animais até mesmo se masturbam, quem tem um bichinho de estimação sabe disso). As espécies com um mínimo de organização social tem relação sexual com outros objetivos além da reprodução. Logo, nem mesmo entre os animais “fazer sexo” significa necessariamente reproduzir, então por que entre o ser humano – muito mais complexo e multifacetado – deveria ser assim? No fundo, esse conceito que liga necessariamente sexo e reprodução não passa de uma construção da nossa cultura judaico-cristã, e essa ligação tem explicações históricas totalmente plausíveis que não cabem ser explanadas aqui neste momento. Outro argumento de peso que confirma que a ligação sexo-reprodução é uma construção cultural é a diferente forma que as mais diferentes culturas lidam com o assunto. Um estudo mesmo superficial sobre a forma como as mais variadas tribos indígenas lidam com a sexualidade mostra a relativização de tal ligação. Existe inclusive uma tribo aborígine em que a relação homossexual é mais praticada que a heterossexual, sendo a última só permitida em determinada época do ano.
Poderia ser utilizado outro argumento contra os homossexuais, este talvez o mais estúpido de todos: a relação homossexual é um perigo para a perpetuação da espécie. Em primeiro lugar, isso seria um perigo se 100% dos seres humanos fossem exclusivamente homossexuais. Os dados da realidade mostram que a porcentagem real está muito longe disso. Estima que entre 7% a 10% dos indivíduos seriam homossexuais. E se a homossexualidade não trouxesse nenhum benefício para a espécie, ela já teria sido eliminada pela seleção natural. Ela tem, portanto, sua utilidade. Isso faz lembrar que, em grupos de chimpanzés, determinados membros não se reproduzem, tendo como papel no grupo zelar pela sobrevivência e bem estar dos demais.
Por fim, poderia ser levantado um argumento puramente fisiológico: a relação homossexual é antinatural porque o sexo anal/oral não são naturais. Neste argumento estão embutidas todas aquelas idéias anteriormente apresentadas, bem como a noção de que existe um manual de instruções para o nosso corpo, que diz o que devemos fazer com o nosso ânus e nossa boca. O coito anal existe desde que o mundo é mundo, devo informar, e (ainda bem!) sempre existirá. E ainda, o que talvez seja mais amedrontador para alguns, não só o coito anal sempre existirá, mas o mais puro e afetivo amor entre pessoas do mesmo sexo. Afinal, a relação entre dois homens ou duas mulheres pode sim ser muito mais do que uma boa transa.

Um comentário:

Anônimo disse...

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