terça-feira, 13 de março de 2007

A LENDA


Os deuses da Grécia Antiga, temerosos de que os homens descobrissem seu próprio potencial e ciumentos de que assim pudessem chegar ao nível deles (deuses), realizaram uma longa reunião para decidirem a maneira mais concreta de ocultar aos homens seu potencial. E várias foram as propostas.
Houve quem pensasse em esconder o potencial humano nos abismos mais imperscrutáveis dos oceanos, mas foi lembrado que, no futuro, o homem penetraria o fundo dos mares.
Apresentou-se, também quem propôs ocultar este potencial nas montanhas mais altas da Terra, mas tal proposta não foi aceita, porque o homem, num dia não muito distante, as escalaria.
Outro sugeriu esconder tal riqueza na Lua, mas salientou-se queo homem, no futuro, iria habitá-la.
Por fim, todos aceitaram uma estranha proposta: todo aquele poder incomensurável, o potencial humano, deveria ser escondido dentro do próprio homem. Como justificativa para tal resolução, os deuses disseram:
- O homem é tão distraído e voltado para fora de si que nunca pensará em encontrar seu potencial máximo no seu interior.”
Essa lenda me leva a refletir sobre como, muitas vezes, buscamos fora algo que está dentro.
Necessitamos de ser reconhecidos para que possamos reconhecer nosso potencial. Dependemos de ser amados, para que possamos nos amar. Precisamos ser aceitos para que possamos nos aceitar. Passamos a vida esperando por uma pessoa especial, para que possamos nos sentir completos.
Apostamos toda nossa felicidade no mundo exterior, nos bens materiais e em estereótipos construídos pela mídia. A sociedade está constantemente sugerindo um corpo mais magro, mais bonito e mais estético.
Acostumamos a prestar tanta atenção na riqueza exterior que nem mais percebemos a riqueza interior, que consiste em incorporar sabedoria, conquistar objetivos, buscar o equilíbrio e cultivar virtudes como generosidade, compaixão, simplicidade, paciência e tolerância.
O mundo material só pode nos proporcionar felicidades momentâneas, devido a impermanência da matéria. Os prazeres fenomenais, assim como são obtidos de forma tão rápida, se vão. E no final, só resta o vazio…
Não que seja necessário renunciar ao mundo. Deve-se buscar o equilíbrio. Desfrutar de cada coisa no seu tempo certo, tendo consciência de sua tansitoriedade, sem apego excessivo. A felicidade maior deve ser buscada, acima de tudo, em nosso interior. As realizações materiais devem refletir conquistas interiores.
A felicidade maior se encontra no silêncio da alma, na perceção da verdadeira natureza das coisas e da nossa relação com o cosmos, na beleza da simplicidade, no amor incondicional e na sabedoria. Está nas profundezas do ser!
Em certos momentos, é necessário entrar em contato com nosso Eu interior, conhecer nossa verdadeira essência. Conhecendo nossa verdadeira essência, conheceremos a verdadeira essência de tudo o que há no universo. Como já dizia Sócrates, conhece-te a ti mesmo.
Conhecendo a nós mesmos, conheceremos nosso infinito potencial. E com a força do entusiasmo, podemos ir a qualquer lugar!

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